terça-feira, 16 de setembro de 2025

UM VERDADEIRO GENOCÍDIO

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Em África morre-se todos os dias, como aliás no mundo inteiro.

Mas as mortes a que me refiro em África são as de cristãos chacinados, decapitados, queimados vivos nas igrejas em que celebram a fé que os anima.

Muito poucos órgãos de comunicação social reportam este verdadeiro genocídio e, quando o fazem, logo deixam cair a notícia, para que rapidamente entre no esquecimento.

Não é só na Nigéria, Moçambique ou Sudão, mas em muito mais países de África que tal acontece, de tal modo que, as mortes, desde há anos para cá, são quase já incontáveis.

Mesmo a nossa Igreja Católica é, (perdoem-me se estou enganado), muito tímida na condenação desta verdadeira barbárie destes nossos tempos.

Ouvem-se as vozes de alguns Bispos africanos, (que infelizmente parecem pregar para o deserto tal é a indiferença com que a opinião geral os ouve), e a ACN – Ajuda à Igreja que Sofre, que não se cansa de noticiar estes horrores, mas quase sempre sem que isso mova a opinião pública em geral.

Mas a verdade é que as guerras que acontecem na Ucrânia e em Gaza, (para citar apenas estas duas), são constantemente reportadas, e é muito nítida a indignação geral por todos as mortes provocadas por esses confrontos.

Condenam-se abertamente nas primeiras páginas dos jornais e televisões aqueles que perpetram essas mortes, mas essa condenação tão veemente, não acontece em relação à morte dos inúmeros cristãos em África, e não só, e que constitui, é bom que se repita até à exaustão, um verdadeiro e real genocídio.

Será que os cristãos não são gente também?
Será que por serem de Cristo não merecem a mesma dignidade de todos os outros?
Será que estes verdadeiros crimes sobre gente cristã indefesa não têm o mesmo “valor” dos outros praticados sobre outras gentes?

Esta é uma realidade muito crua e verdadeira que os “fazedores de opinião”, os ditos jornalistas, os políticos e governantes, não querem ver, mas não deixa de ser um terrível crime envolto numa hipocrisia humana sem limites.

Infelizmente este pobre texto suscitará, talvez, algumas reacções, mas também muito rapidamente será esquecido e colocado no caixote do lixo da hipocrisia que parece governar este mundo de agora.

Que a Igreja Católica denuncie permanentemente este genocídio, e escolha um dia ou até uma semana, para que, todos unidos em oração, peçamos por estes irmãos e irmãs que sofrem todos os dias nas suas vidas a ousadia de quererem ser cristãos.

Estes são os mártires dos nossos tempos.

Que eles intercedam no Céu por este humanidade que se afasta de Deus.






Marinha Grande, 16 de Setembro de 2025
Joaquim Mexia Alves

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

ADORAÇÃO

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Ó Senhor Jesus, aqui realmente presente na Eucaristia, nós nem sequer nos apercebemos da graça imensa que é poder estar Contigo nestes momentos de adoração.

Por vezes até podemos pensar que Te vimos fazer companhia, quando afinal és Tu que nos acompanhas em cada dia e, também, nestes momentos de adoração na Tua presença real na Eucaristia.

Somos infelizmente poucos, Jesus, os que aqui vimos nestes momentos, mas Tu não Te importas, porque nos recebes, recebendo todos aqueles que trazemos nos nossos corações, nas nossas intenções.

E aqui ficamos por esta hora em silêncio, contemplando-Te, adorando-Te, e deixando que apenas os nossos corações falem o que nos vai na alma.

Muitos poderão perguntar-se sobre o que fazemos nós aqui em silêncio, contemplando e amando.

Mas Tu não precisas das nossas palavras, (embora com certeza gostes de as ouvir), mas apenas que os nossos corações estão abertos para Ti.

Ao princípio, Jesus, foi e é ainda um pouco difícil, mas vamo-nos habituando, ou melhor, o Espírito Santo vai nos conduzindo neste silêncio espiritual, que afinal diz bem mais do que quaisquer palavras.

E o tempo, afinal, passa depressa, porque quando se está na presença do Amor e se quer viver do amor e para o amor, o tempo não tem tempo, faz-se eternidade na Tua eternidade.

Ó Jesus, dá-nos sempre este tempo de eternidade que Tu és e faz-nos ousados, até podermos um dia estender estes pequenos momentos de adoração, em adoração perpétua.

Porque não és Tu, Jesus, que dela precisa, mas sim todos nós que aqui estamos, aqueles que aqui não estão, e até mesmo aqueles que aqui não querem estar.

Obrigado, Jesus, recebe nas Tuas mãos a nossa pobre adoração.






Garcia, 14 de Julho de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)


Nota: Fotografia tirada na Capela da Garcia, Marinha Grande, onde duas vezes por semana acontece a Adoração ao Santíssimo Sacramento.

sábado, 6 de setembro de 2025

REFLEXÃO SOBRE A MINHA CRUZ

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Senhor

olhas-me com esse Teu olhar doce e terno e dizes-me com um sorriso: «Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo.»

Eu percebo o Teu olhar, mas não consigo alcançar a razão do Teu sorriso.

Deixo-me tocar pelo Teu amor e ouço-Te dizer me: Sorrio, porque a cruz nos teus ombros, é exactamente a cruz que tu podes carregar.

Ó Senhor, mas às vezes sinto- a tão pesada!

Preferes a minha, meu filho? Olha que é um pouco mais pesada do que a tua, e ainda por cima o peso dela é o peso da tua, mais o peso da de todos os outros, sejam eles quais forem.

Baixo a cabeça, levanto os ombros para pegar na minha cruz, regresso ao caminho, e percebo que ela já não me pesa tanto como antes pesava.

Sou Eu que te ajudo transportá-la, dizes-me Tu, quando a Mim te entregas.

Agora sou eu que sorrio e Te digo cheio do meu possível amor: Obrigado Senhor, pela minha cruz. Peço-Te que me dês força para a transportar e, já agora, mais um pouco de força ainda, para ajudar a transportar as cruzes de outros que colocas no meu caminho.

Abre-se a Tua face, ris alegremente, e dizes-me que cada cruz transportada em amor é sempre unida à Tua Cruz que nos dá a vida e a salvação.




Marinha Grande, 6 de Setembro de 2025
Joaquim Mexia Alves

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

INVOCAÇÃO

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Aqui na Tua presença, Senhor, invoco o Teu Nome, levanto as minhas mãos para Ti e entrego-me inteiramente ao Teu amor.

O Teu Nome é Santo, o Teu Nome é doce, o Teu Nome faz mover as montanhas que possam ser obstáculos ao Teu amor.

Quando invocamos o Teu Nome em espírito e verdade, Senhor, acredito firmemente que Tu derramas graças em alguém, em alguma situação que for do Teu agrado, seja aonde for.

Assim, Senhor, talvez eu não precise de pedir sempre por tudo o que trago no coração, mas abrindo-me a Ti, dizer-Te que faças com a minha oração e entrega aquilo que melhor Te agradar.

Talvez seja um modo de “lavar os pés” aos meus irmãos, entregar nas Tuas mãos a minha oração anónima, sem outra intenção que não seja a de que a Tua vontade seja feita em tudo o que Te aprouver.

Invocar o Teu Nome, Senhor, é reconhecer que és Deus e Senhor, e que tudo podes, apesar das fraquezas e pecados daquele que Te invoca.

Como é bom, Senhor, poder dizer, mais do que dizer, sentir, que não sou digno que me ouças, mas que, apesar de mim e da minha indignidade, faças segundo a Tua vontade o bem que Te peço.

Assim, Senhor, acredito que serei sempre atendido, visto que não peço o que julgo importante, mas me entrego ao que é do Teu agrado.

Invoco o Teu Nome, Senhor, baixo a cabeça, abandono-me a Ti e dou-te graças, pelas graças que derramas em quem eu não sei quem é e onde eu não chego, nem posso chegar.

Obrigado, Senhor!






Garcia, 5 de Maio de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

domingo, 31 de agosto de 2025

O EVANGELHO DO DIA

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Chegou ao jantar e a sala já tinha bastante gente.

Decidiu sentar-se numa mesa a meio da sala, porque embora conhecesse há muito anos o aniversariante, há muito tempo que não estavam juntos e ele não conhecia ali praticamente ninguém.

Para além do mais a vida não lhe corria muito bem, e o fato que vestia denotava bem que já era muito usado.

Sentaram-se algumas pessoas na mesa onde estava, e rapidamente se apercebeu pelos seus olhares que a sua presença não lhes era muito agradável.

Levantou-se da mesa com o intuito de se ir embora, mas o seu velho amigo tinha insistido tanto na sua presença, que decidiu sentar-se na última mesa junto à porta onde ninguém desse conta da sua presença.

Notou alguma agitação nos convidados, e percebeu então que o aniversariante seu amigo tinha entrado na sala.

Decidiu ficar e que mal tivesse oportunidade de lhe falar assim faria e depois sairia sem ninguém notar.

Reparou que o seu amigo continuava de pé junto à mesa principal e ia olhando para todas as mesas a ver quem estava na sala.

Foi então que os seus olhares se encontraram e o aniversariante atravessou toda a sala para lhe vir dar um enorme abraço e dizer-lhe que tinha de ir para a sua mesa, pois precisava falar com ele para “matar saudades”.

Lá foi um pouco envergonhado, percebendo os olhares de toda a gente em cima de si, como a perguntarem-se quem seria ele tão importante, mas que afinal não tinha assim um aspecto muito “famoso”.

Pouco depois de estar sentado em franca conversa com o seu amigo, sorriu de tal modo que o seu amigo lhe perguntou o que se passava.

Então ele disse-lhe com toda a franqueza e alegria, que se tinha lembrado do Evangelho da Missa de Domingo dessa manhã em que Jesus dizia para os convidados de um banquete não escolherem os primeiros lugares porque «quem se exalta, será humilhado, e quem se humilha, será exaltado».

Deram os dois uma sonora gargalhada e alegremente foram comendo e conversando felizes com aquele reencontro.





Marinha Grande, 31 de Agosto de 2025
Joaquim Mexia Alves

sábado, 23 de agosto de 2025

REFLEXÃO DA PORTA ESTREITA

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Senhor
no Evangelho deste Domingo convidas-nos a “esforçarmo-nos para passar pela porta estreita”.

Desde que me deixei encontrar por Ti, tenho “emagrecido” de muitas coisas que me “engordavam” e não deixavam passar pela porta estreita.

Mas reflito agora, que cada porta estreita porque passo, me é mostrada uma nova porta, ainda mais estreita, e eu lá vou fazendo caminho, “estreitando” o meu orgulho, a minha vaidade, o meu mau feitio, enfim, o meu eu, que não é o “eu” que Tu queres que eu seja.

Só Contigo, Senhor, guiado pelo Espírito Santo. poderei continuar a fazer esta “dieta” para “emagrecer” o meu eu e assim ser o “eu” que Tu me chamas a ser, o “eu” da Tua vontade em mim.

Um dia chegarei, se fizer a Tua vontade, àquela porta tão estreita, que não poderei passá-la com este corpo que me deste, mas liberto desta “tenda”, (no dizer de São Paulo), e por Tua inteira graça, passá-la-ei para cair nos Teus braços de amor, que me esperam para ser vida em Ti para sempre.

Ajuda, Senhor, a minha fé, a minha confiança, a minha esperança, para que, de mão dada Contigo, no amor do Pai, guiado pelo Espírito Santo, alcance a última porta estreita, e no Teu amor por ela passe para sempre.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Amen.





Marinha Grande, 23 de Agosto de 2025
Joaquim Mexia Alves

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

A OBRA DE DEUS E O HOMEM

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Aqui frente a Ti. Senhor, reflito na obra que colocaste nas mãos do Homem.

Deste-nos este mundo cheio de beleza de harmonia e equilíbrio.

Tudo colocaste nesta Terra para servir o homem, suprindo a todas as suas necessidades.

Deste-nos o ar, a água, os alimentos, enfim, tudo o que a vida do Homem necessita para viver.

Criaste o equilíbrio entre os animais selvagens e os animais domésticos, as árvores e as plantas, as montanhas e as planícies, os desertos e os campos verdejantes, enfim, a harmonia de toda a natureza viva.

E, no entanto, o homem muitas vezes em nome de um qualquer progresso, acaba por estragar a beleza da Tua obra, não só destruindo tanta coisa bela nela contida, mas destruindo também a harmonia e o equilíbrio que deste à natureza.

E, pior ainda, quando o homem se serve da inteligência, das capacidades que lhe deste, para se destruir a si próprio em guerras escusadas e sem sentido.

Tudo fizeste e tudo fazes para que o homem seja feliz, mas o homem teima em tantas vezes se afastar de Ti, recusando o Teu amor e a Tua entrega total por todos os homens.

Como pode o homem amar sem o Teu amor, como pode o homem salvar-se, se não aceita a salvação que Tu lhe deste, Senhor?

Faz-nos renascer pelo Espírito Santo, Senhor, faz-nos perceber que só somos Homem completo quando vivemos por Ti, Contigo, e em Ti.







Garcia, 19 de Maio de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

«A ESPERANÇA NÃO ENGANA»

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Tenho lido diversos textos sobre o Papa Leão XIV, uma grande parte deles a tentar “puxar a brasa à sua sardinha”, isto é, a querer reivindicá-lo como tradicionalista ou progressista, conforme o “gosto” dos que escrevem ou comentam.

Nada de novo, portanto.

Mas também já li alguns textos em que, digamos assim, se critica Leão XIV por não “fazer nada”, por não se pronunciar contra isto ou aquilo, enfim, por “estar apenas”!

Estas críticas são, na minha opinião, injustas.

Não sou nenhum “vaticanologo”, nem sei o que isso é, (mais um termo inventado nestes nossos tempos), e, por isso, apenas posso exprimir aquilo que sinto ao ver e ouvir Leão XIV.

Em primeiro lugar a sua presença e as suas intervenções levam-me a sentir e a viver um grande sentimento de paz e unidade.

Não o ouço “ralhar”, nem criticar, mas sim, serenamente, guiar em caminho de Igreja.

As suas intervenções são, na sua quase maioria. centradas em Cristo, e precisamente por isso, transmitem essa paz e unidade que a Igreja tanto precisa, porque em Igreja, Cristo é a Cabeça, o Centro, a Unidade, e sem Cristo não há Igreja.

«A igreja não muda com o mundo, mas deve mudar o mundo», dizia Bento XVI, afirmando no fundo o que Cristo ensinou e, por isso mesmo, acredito eu, Leão XIV, guiado pelo Espírito Santo vai-nos “recentrando” nesse infinito amor de Deus, de que Jesus Cristo, com a Sua total entrega por nós, é a prova constante, e que é o único amor que pode mudar o mundo, que pode trazer a paz, que pode unir e conduzir à salvação.

A Igreja sempre foi paciente, muito ponderada, não porque, acredito eu, não soubesse o que era e é necessário fazer, mas sim porque precisava e precisa de rezar muito, para escutar a vontade de Deus, deixando-se conduzir pelo Espírito Santo.

O Papa Francisco, deu por título à Bula de Proclamação do Jubileu deste ano, “Spes non confundit” – “A esperança não engana” (Rm 5,5) e, para mim, este simples versículo da Carta aos Romanos, leva-me hoje em dia de imediato a pensar em Leão XIV, não por esperar algo que eu quero, mas porque espero o que Deus quer e, em tudo o que vejo e ouço neste tempo, acredito que Leão XIV é agora o portador desta “esperança que não engana”, porque é a esperança de Deus e em Deus.

Os homens são muito apressados, querem tudo agora e já, mas Deus não tem tempo, como a Igreja também não o tem porque emana de Deus, e, por isso, no tempo certo, como sempre aconteceu quando a Igreja se deixou guiar pelo Espírito Santo, o que for a vontade de Deus acontecerá e será, sem a mínima dúvida, o que a Igreja precisa, conduzida pelo Papa Leão XIV.

Muito mais do que as nossas interpretações, opiniões, comentários, críticas, etc., etc. o que o Papa Leão XIV precisa é das nossas permanentes orações por ele e pela Igreja, para que, no amor do Pai e em nome de Jesus, se deixe conduzir pelo Espírito Santo.

Porque «a esperança não engana».







Marinha Grande, 18 de Agosto de 2025
Joaquim Mexia Alves

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

FRAGILIDADES

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Pesam-me tanto, Senhor, os meus pecados, as minhas fraquezas, as minhas fragilidades.

Sobretudo aqueles em que sou apanhado desprevenido e só depois do mal feito, tomo consciência do que não devia ter feito.

É verdade, Senhor, que Tu nos dizes para estarmos atentos e vigilantes para assim podemos responder com firmeza ao mal que nos cerca, e que, tantas vezes, vive dentro de nós.

E eu, Senhor, tento sempre viver em oração Contigo no pensamento, no coração, mas tantas vezes me deixo levar pelo meu feitio, por tantas coisas que vivem em mim e me fazem reagir mal ao que deveria reagir bem, em calma e serenidade.

Eu sei, Senhor, que deveria estar atento e não me deixar reagir no calor do momento, deveria refletir antes de falar, deveria buscar a Tua paz, muito antes de me deixar levar pela minha irritação.

Mas a verdade é que só depois do mal feito, percebo que não procedi como devia proceder.

Como diz São Paulo: «Não faço o bem que eu quero, mas o mal que não quero».

E isso pesa-me, Senhor, embora eu saiba que Tu estás sempre de braços abertos para me receber e perdoar.

Realmente, Senhor, o Teu amor é infinito e a Tua paciência permanente.

Ajuda-me, Senhor, pelo Espírito Santo, a estar atento a mim próprio, ou seja, a estar atento às minhas reações, e a não me deixar levar pela minha intempestividade.

Não, não, Senhor, não quero arranjar desculpas para mim próprio, mas sim reconhecer que sou fraco e me deixo cair tantas vezes em situações que deveria e conseguiria, com a tua ajuda, evitar.

Resta-me a consolação da certeza que Tu me amas, Senhor, me perdoas e que nunca deixarás de me dar a mão para que eu me possa vencer a mim próprio.

Obrigado, Senhor.






Garcia, 26 de Maio de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

ABANDONADO EM TI

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Em adoração, Senhor, abandono-me a Ti.

Quero esvaziar-me de mim, de tudo aquilo que julgo saber, de tudo aquilo que possa ter planeado, de tudo, enfim, Senhor, que vem de mim e não de Ti.

Não cuidas de saber se estou ou não vazio de mim, porque a Ti, Senhor, interessa-Te bem mais a minha intenção de me deixar envolver por Ti, de me deixar encher de Ti, de fazer apenas a Tua vontade.

Fecho os olhos e quero ver-Te, assim, todo Tu, que me olhas e dás a mão, e chamas a juntar-me a Ti em todo o caminho que vou fazendo.

Eu continuo sem compreender bem o que queres de mim, mas dou-Te a mão e digo-Te, com maior sinceridade de que sou capaz: Aqui estou, Senhor, faz de mim o que Te aprouver fazer.

Julgava eu que então partiria nas asas de um vento, ou na mansidão de uma brisa, e Tu me farias atravessar abismos e ultrapassar obstáculos, numa viagem cheia de paz e serenidade.

Mas não, Senhor, porque Tu dizes-me com um sorriso na Tua Santa Face, que a viagem é aqui neste mundo que me colocaste, e que os abismos e obstáculos são para vencer com o Teu amor, que me dás na minha entrega a Ti.

Não queres que eu me aquiete e nada faça, mas sim que parta constantemente à Tua procura nos outros e em mim.

Sim, dizes-me Tu, Senhor, haverá momentos em que me queres em adoração, em contemplação, mas mesmo esses momentos devem ser vividos e oferecidos por aqueles que o não fazem.

Sinto-me incapaz, julgo que não conseguirei fazer o que me pedes, Senhor, mas és Tu mesmo que me dizes cheio de amor: Julgas tu que eu te deixaria sozinho? Não, a viagem é Comigo e Comigo ultrapassarás o que for preciso ultrapassar.

Então abandono-me a Ti!

Sei que ainda carrego muita coisa comigo, mas pouco a pouco acredito que Te encarregarás de me libertar de tudo isso, até ao dia em que não tendo nada, não sendo nada, Tu sejas tudo em mim.






Garcia, 14 de Abril de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

DE MÃO DADA

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Fecho os olhos
e nada quero ver
a não ser a escuridão
do eu nada ser.

Estendo-te a mão
Senhor
e peço-Te que me guies
mesmo sem eu abrir os olhos
para que todo eu me entregue
e apenas confie em Ti.

Penso
mesmo sem querer
nos obstáculos
nos abismos
mas quero crer 
com toda a força da fé
que tu me dás
que não me deixarás perder.

O caminho é longo
parece não ter fim
mas devo aproximar-me da meta
porque sinto cada vez mais
a Tua mãa
apertada em mim.

Deixo-me levar
porque dentro de mim
já não há escuridão
há apenas a luz
que sai do Teu amor
porque afinal
és Tu o Caminho
em mim.







Marinha Grande, 8 de Agosto de 2025
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

SER PADRE - (No dia dos Padres)

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Sei eu lá bem o que é ser Padre?!

Sei o que é ser pai, que o sou de quatro filhos, e, apesar da experiência, falhei e falho ainda tantas vezes.

Mas ser Padre de tantos filhos como os fiéis da Santa Igreja, uma parte deles bem mais velha do que o Padre, não é tarefa, nem trabalho, é vocação e missão, como, aliás, o ser pai o é também.

Mas os filhos, apesar dos erros do pai, vão guardando no coração o amor pelo pai que eles sabem que os ama apesar de tudo o que possa acontecer.

No coração dos fiéis nem sempre o Padre é guardado com amor.

O coração do pai alberga os poucos ou muitos filhos, o coração do Padre tem que albergar os inúmeros fiéis que lhe são dados em missão.

Os filhos em relação ao pai guardam sempre uma certa reverência, chamemos-lhe assim.

A reverência dos fiéis em relação aos padres há muito que se perdeu, infelizmente.

A multiplicidade de feitios nos numerosos fiéis “à guarda” do Padre deveria tornar a sua missão quase impossível, mas mesmo assim, o Padre vai-se ultrapassando no seu feitio, (pois é os padres são humanos, também têm feitio), para se tentar adaptar ao feitio de cada fiel com quem está.

E depois o Padre ouve os fiéis falarem dos seus problemas, dos problemas das suas famílias, e debatem-se tantas vezes com a falta de tempo para tratarem dos seus próprios problemas, dos problemas das suas famílias, (pois é os padres também têm problemas e também têm famílias), da sua vida própria, enfim.

O pai é culpado dos seus próprios erros e não dos erros dos outros pais.

Ao Padre muitas vezes atiram-lhe para cima com os erros de outros padres.

E cansam-se, têm fome e têm sede, (Jesus também se cansou dizem os Evangelhos), adoecem como os outros, e entristecem-se e choram e, claro também riem e se alegram, sobretudo, com a alegria e o riso dos outros.

O pai é “escrutinado” em casa.

O Padre é “dissecado” em comunidade.

O texto não teria fim, mas só nestas poucas linhas leva-me a dizer, a rezar de coração cheio: Obrigado Senhor, por cada Padre que nos dás, que dás à Tua Igreja.

Neste dia de São João Maria Vianney, dia dos Padres, apenas posso dizer obrigado a cada Padre que faz da sua vida a vida de cada um.

Realmente eu sei lá bem o que é ser Padre?





Marinha Grande, 4 de Agosto de 2025
Joaquim Mexia Alves

quinta-feira, 31 de julho de 2025

MOMENTOS DE PURO AMOR

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Ele veio silenciosamente e sentou-se no sofá ao meu lado, na minha sala.

Olhei para o lado e dei com a ternura do Seu olhar, com o sorriso inocente na Sua boca e uma ligeira ironia na Sua face, por causa do meu espanto.

Perguntou-me então: Como estás Joaquim? Está tudo a correr bem?

Deixei-me envolver no momento, não sei se O olhei ou se baixei os meus olhos e respondi: Está tudo a correr bem, Senhor. Mas sabes isso bem melhor do que eu.

Ouvi o Seu riso cristalino e a Sua doce voz que me respondia: Eu sei que está a correr bem. Sabes bem que tenho estado sempre contigo e te acompanho em cada momento.

Senti-me como criança apanhado em qualquer travessura e respondi: Então não sei, Senhor?! E tenho sentido bem a Tua presença.

A conversa continuou animada.

Diz-me lá então como sentes a Minha presença?

Oh, Senhor, de tantas formas! Olha, como Tu muito bem sabes, eu sou um impaciente e pouco dado a obedecer a regras. Pois é sem a dúvida a Tua presença junto de mim e em mim que me tem dado uma paciência que eu não conhecia em mim. Calcula Tu que até a Catarina elogiou a paciência com que tenho vivido estes dias. Mas Tu, repito, sabes isso muito bem.

Sorriu, tocou-me na mão e disse-me: Sabes todas estas coisas, sejam elas quais forem, que vão acontecendo na tua vida, se estiveres Comigo, são sempre fonte de ensinamento para o caminho. Eu vou-te sussurrando ao coração o que deves fazer e, quando Tu assim fazes a Minha vontade, tudo se torna melhor.

Ah, Senhor, como eu sei isso tão bem! Mas mesmo assim, de quando em vez, julgo que sei melhor do que Tu e perco-me no caminho.

Não te preocupes porque Eu estou sempre contigo e mal reconheces isso, dou-te a mão e aperto-te com mais força junto de Mim.

Eu sei, Senhor, pois ainda ontem me visitaste na Comunhão Eucarística que aquele meu querido amigo me quis trazer a casa. É tão bom, alimentar-me de Ti!!!

Levantou-se e fixou-me bem no Seu olhar de amor: Agora descansa que Eu velo por ti.

Queria dizer-Te tantas coisas, Senhor, mas parecem-me tão pouco! Por isso apenas Te digo que Te amo com toda a força do meu ser.

Eu sei, Joaquim, mas Eu ainda te amo mais do que tu a Mim.

Fechei os olhos e deixei-me ficar a gozar o momento.

Já nada me interessava a não ser que Ele estava comigo.






Marinha Grande, 30 de Julho de 2025
Joaquim Mexia Alves

sábado, 26 de julho de 2025

REFLEXÕES NO CAMINHO

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Tal como referi no texto anterior, fui a semana passada submetido a uma cirurgia de urgência à vista direita. por causa de um descolamento da retina.

Correu tudo bem e assim que me senti um pouco melhor. comecei a abrir as pálpebras para tentar ver alguma coisa.

Obviamente o que conseguia ver era tudo muito turvo e totalmente indefinido, apenas a luz difusa do momento.

Passados alguns dias já me era possível ver alguns contornos dos objectos. mas sem qualquer definição nem clareza.

Fui sempre tentando obedecer às indicações médicas que me tinham dado e, sempre que forçava ou não o fazia, havia dor e desconforto.

Passados agora nove dias da cirurgia, já consigo identificar mais ou menos os contornos do quadro da minha sala que tomei como referência, embora ainda muito indefinido, mas esperando e confiando que o conseguirei ver, mais tarde ou mais cedo, se perseverar na recuperação com os necessários cuidados.

E vou rezando por todos os que sofrem e por mim também, claro, e reflectindo em tudo isto.

No nosso caminho para Deus quando O encontramos, ou melhor, nos deixamos encontrar por Ele, há muitas vezes, ao início do caminho, uma ansiedade muito grande de O ver, de O conhecer, mas Ele parece, por vezes, esconder-se e só se mostra aos poucos e nem sempre claramente.

Precisamos seguir as “instruções”, ou seja rezar, ler e meditar a Palavra de Deus em que Ele se revela, abrirmo-nos à comunidade, isto é, sermos Igreja, enfim ,tentar sempre fazer em tudo a Sua vontade.

E quando queremos “encurtar” caminho, ou seja, fazer a nossa vontade em vez da d’Ele, parece que andamos para trás, e sofremos porque parece que perdemos o caminho.

Mas se perseverarmos na oração, na Palavra, nos Sacramentos, no ser Igreja, então Ele vai-se revelando cada vez mais até O podermos ver, isto é, O podermos perceber e sentir a Sua presença em todos os momentos das nossas vidas.

E na procura de Deus é sempre Ele quem se faz encontrado, por isso a nossa confiança é total, porque a esperança é real e bem presente.

Até ao dia em que, por Sua Graça, O veremos em toda a Sua glória e viveremos então para sempre no Seu eterno amor.




Marinha Grande, 26 de Julho de 2025
Joaquim Mexia Alves

sábado, 19 de julho de 2025

OS SINAIS DE DEUS

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Era para ser uma consulta normal de oftalmologia. 

Na quarta feira a caminho de Lisboa, pareceu-me sentir algo diferente na minha vista direita mas não dei importância por já ter alguns problemazitos anteriores que eram, aliás, motivo da consulta.

Na consulta a médica, muito simpática e competente, ( amiga do meu filho mais velho e da minha nora), mandou-me ler com a vista  direita as habituais letras do quadro e foi então que percebi que não via nada daquela vista, estava tudo negro, excepto uma pequena nesga do lado direito que ainda tinha imagem.

O susto foi enorme e feitos os exames competentes logo se chegou ao diagnóstico de um grave descolamento da retina que necessitava de intervenção cirúrgica urgente.

A competência e dedicação da médica foram inexcedíveis e conseguiu que uma sua colega arranjasse tempo para me operar no fim da manhã seguinte.

Assim aconteceu e, para encurtar razões, já me encontro em casa, em repouso prolongado para garantir o bom êxito da operação.

Como em tudo o que me acontece hoje em dia tento sempre ver a presença de Deus e o que Ele me quer dizer no que me vai acontecendo.

Assim escrevo este texto que vai ser o último destes próximos dias.

Os sinais de Deus 

A mão de Deus

Esta consulta já tinha sido adiada por mim.
Se fosse quando estava marcada inicialmente o problema não teria sido detectado.
A mão de Deus guiou-me para o tempo certo e as circunstâncias certas.
Nas coisas de Deus não há coincidências, há “deuscidências”.

Sinal de Deus 

A constatação de que nada via da vista direita, como se fosse uma cortina preta, excepto a pequena nesga do lado direito, levou-me a reflectir que muitas vezes nós colocamos essas “cortinas” na nossa relação com Deus e apenas O queremos ver em pequenas partes das nossas vidas.
Também precisamos de uma “operação espiritual” que remova essas “cortinas” da nossa visão de Deus.

A presença de Deus 

Depois do enorme susto de perceber a perda da visão naquela vista, sobreveio uma grande serenidade, aceitação e entrega à vontade de Deus.
Entreguei tudo por aqueles que podendo ver Deus querem continuar cegos à Sua presença nas suas vidas.
Nas horas que fui passando nos cadeirões e macas, fui invocando o Espírito Santo e servindo-me dos dedos das mãos para ir contando as contas do Rosário, sentindo assim bem viva a Sua presença com Maria nossa Mãe junto de mim.

O amor de Deus 

As médicas, as enfermeiras, auxiliares, administrativos daquele Hospital dos Lusíadas, foram de uma simpatia e dedicação a toda a prova, (e reparei que não era só comigo), e isso foi para mim o amor de Deus a rodear-me.

A minha comunidade paroquial da Marinha Grande com os seus grupos a que pertenço com enormes amizades, as minhas amigas e amigos do Renovamento Carismático Católico, no CHARIS, Pneuma, Comunidade Emanuel também do Alpha com as suas orações, foram também, sem dúvida, sinal visível do amor de Deus para mim. 

O meu “velho” grupo de amigos de Lisboa com o Grupo de Forcados de Montemor e não só, já desde a juventude, com a sua amizade e solidariedade, foram uma expressão muito sentida deste amor de Deus que une os amigos. Um deles até escreveu logo que esperava um texto sobre o “acontecimento”!

Os meus filhos, nora e genro, a minha mulher, a minha irmã e irmãos, a minha família e ligados a ela, com o seu carinho e ternura foram e são sempre a parte mais visível e próxima do amor de Deus na minha vida.

A todos, muito, muito obrigado.
Guardo-vos nas minhas orações
Deus vos abençoe, proteja e guarde sempre.

Realmente o amor de Deus não tem largura nem comprimento, é incomensurável, eterno e manifesta-se das mais variadas formas.

Obrigado meu Deus por tanto que me dás e eu dou-Te tão pouco.


Marinha Grande, 19 de Julho de 2025
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 14 de julho de 2025

O INVISÍVEL

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Desde há muito tempo que escrevo sobre os sacerdotes, sobretudo sobre a, nem lhe chamo necessidade, mas sim reconhecimento, pela extraordinária entrega que a enorme maioria deles faz da sua vida pelos outros.

Escrevi várias vezes sobre como são tantas vezes menosprezados, criticados, e até às vezes quase considerados culpados dos “males” da Igreja, até pela própria hierarquia que os devia acarinhar, elogiar e, sem dúvida, ajudar a corrigir o seu caminho sacerdotal, a sua missão, mas devendo ter sempre bem presente a sua vida social, que a maior parte das vezes é o menos visível aos olhos dos outros

E este ter sempre presente também a vida social dos sacerdotes não é responsabilidade apenas da hierarquia da Igreja, mas também dos leigos, sobretudo os paroquianos, a quem esses sacerdotes servem, quase sempre colocando de lado a sua própria vida.

Quem vive e trabalha mais de perto com os sacerdotes, especialmente numa comunidade paroquial, percebe com facilidade quantas vezes são tratados como meros “funcionários” administradores de sacramentos, criticados por tudo ou por nada e como o seu feitio, (eles são homens como os outros com feitios diferentes), bom ou mau, é sempre motivo de conversa critica.

Esquecem-se, esquecemo-nos, de que também os sacerdotes têm famílias a que pertencem, e que, muitas vezes, as doenças e outros males também tocam as suas famílias, e que nesses momentos eles precisam tanto como cada um de nós de um ombro amigo, de uma palavra de consolo, e até de uma ajuda qualquer mais especifica.

Vem isto a propósito de diversos textos que li sobre o jovem sacerdote italiano que se suicidou, (a palavra a usar é infelizmente mesmo esta), que prova, digamos assim, que o que está escrito acima é uma realidade bem presente na vida dos sacerdotes, e que muito falta fazer por eles, quer ao nível da hierarquia da Igreja, quer ao nível dos fiéis leigos que usufruem espiritualmente e não só, da sua entrega ao sacerdócio.

Mas infelizmente, (e posso estar enganado), não li em nenhum desses textos algo que me parece muito importante, ou melhor, importante para a vivência da fé cristã que afirmamos professar.

É que, apontando as razões bem verdadeiras para a morte do referido sacerdote, e nada mais dizendo, quase parece “legitimar-se” o suicídio, o que é particularmente grave.

Acredito que alguém que comete tal acto, não estará na posse de todas as suas faculdades de correcto discernimento, mas o acto não deixa de ser algo que a Doutrina da Igreja afirma e bem, ser pecado e pecado grave, porque a vida só a Deus pertence.

Diz-nos o Catecismo da Igreja Católica:
2280. Cada qual é responsável perante Deus pela vida que Ele lhe deu, Deus é o senhor soberano da vida; devemos recebê-la com reconhecimento e preservá-la para sua honra e salvação das nossas almas. Nós somos administradores e não proprietários da vida que Deus nos confiou; não podemos dispor dela.

E mais adiante:
2283. Não se deve desesperar da salvação eterna das pessoas que se suicidaram. Deus pode, por caminhos que só Ele conhece, oferecer-lhes a ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida.

E mais não escrevo, porque nada mais há a dizer a não ser que cada um de nós todos devemos ter consciência de que os nossos sacerdotes precisam tanto de nós como nós precisamos deles e, se mais nada pudermos fazer, teremos sempre as nossas orações diárias por eles e por este jovem sacerdote que tanto precisou dos outros e não encontrou o tal “ombro amigo” disponível para ele.

Que o Espírito Santo proteja, ilumine e guie os nossos sacerdotes, e a todos nós também, para que todos possamos ser “ombros amigos” uns para os outros.






Monte Real, 14 de Julho de 2025
Joaquim Mexia Alves

quinta-feira, 10 de julho de 2025

A PAZ

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Dá-nos, Senhor, a paz.

A verdadeira paz, a Tua paz, para este mundo em guerra.

Não queremos a paz do mundo que é feita de acordos, de contratos, de concessões, de vantagens entre os homens, e por isso é sempre uma paz efémera, que à primeira oportunidade é esquecida e posta de lado.

Os homens são frágeis e ambiciosos e, portanto, muitas vezes a paz que procuram é apenas a ausência da guerra, que é uma paz inconstante e débil que a qualquer momento soçobra.

Precisamos, Senhor, queremos a Tua paz, a paz que é amor, que se alicerça no amor e, como tal, é a paz que nunca acaba.

Tu dizes-nos, Senhor, «amai-vos uns aos outros como Eu vos amei», porque sabes bem que só no Teu amor e com o Teu amor, os homens se podem amar como irmãos sem concessões nem vantagens, mas apenas com doação e entrega.

E é essa paz feita realizada e alicerçada no Teu amor que traz verdadeiramente paz aos homens.

Pode parecer utópico, inimaginável até, mas a Ti, Senhor, nada é impossível, e se o Homem, se os homens se deixarem tocar pelo Teu amor e nele quiserem viver, então a paz será uma realidade.

Abre, Senhor, o coração dos homens ao amor, ao Teu amor, para que os homens percebam e sintam que só amando para além de si próprios, podem encontrar a paz, a Tua paz.

Então já «não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher» (Gl 3,28), mas sim filhos de Deus que se amam com o amor eterno do Pai, revelado no Filho, iluminado pelo Espírito Santo.

Então sim, haverá paz, a Tua paz, Senhor, e o Homem encontrará toda a beleza da vida que Tu lhe quiseste dar.






Garcia, 26 de Junho de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

terça-feira, 8 de julho de 2025

ADORAR-TE!

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Adorar-Te, Senhor
é sair de mim próprio
abandonar-me inteiramente a Ti
nada pedir
nada desejar
a não ser amar
e adorar.

Adorar-Te é
tocar-Te na fímbria do Teu manto
reconhecendo que Tu tudo podes
e eu nada sou
nem posso ser
sem Ti
em mim.

Adorar-Te é
prostrar-me diante de Ti
perceber que não sou digno sequer de Te fitar
mas ao mesmo tempo reconhecer
que Tu me dás tudo o que eu sou
para em Ti
ser para os outros.

Adorar-Te é
ser assim pequenino
perante a Tua grandeza
deixar-me tocar pela certeza
que o tudo que Tu és
também pode viver em mim
por Tua graça.

Adorar-Te é
nem sequer pensar
no que posso fazer 
ou dizer
para Te adorar
mas deixar que sejas Tu
a colocar em mim
tudo o que eu preciso
para Te adorar.

Adorar-Te é
colocar o meu coração nas Tuas mãos
unir-me à Tua Paixão
deixar-me ser Ressurreição Contigo
porque em adoração
me deixei já morrer em Ti.

Adorar-Te é
ser o que Tu queres que eu seja
sem que o meu eu
me impeça de o ser
em tudo na minha vida.






Garcia, 7 de Julho de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

quinta-feira, 3 de julho de 2025

A TUA VONTADE

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Como é difícil, Senhor, entregar-me a Ti, buscando a tua vontade.

No meio de tudo o que quero pensar, dizer e fazer, vêm ao meu coração todos os pensamentos, planos e ideias que vão germinando na minha vida.

E eu queria saber, Senhor, se são do Teu agrado, se são mesmo esses planos que devo seguir ou outros, que não consigo ainda descortinar da Tua vontade para mim.

Era tão mais fácil se houvesse uma voz audível, inconfundível, que me dissesse que é por ali o caminho, que devo fazer isto ou aquilo, ou seja, uma proclamação da Tua vontade.

“Vejo-Te” sorrir e pergunto-Te: Porque sorris, Senhor? Porque sou criança e não sei o que hei de fazer ou perguntar?

Sorris ainda mais e respondes-me: Mas, meu filho, está tudo escrito. Basta leres e seguires o que fiz escrever sobre a Minha vontade para ti e para todos.

Pois, Senhor, respondo eu, realmente é tão fácil dizer da “boca para fora” que devo fazer o que me diz a Tua Palavra, mas a verdade é que muitas vezes não consigo perceber realmente o que queres que eu faça.

Pois, dizes-me Tu, Senhor, era melhor que Eu te escrevesse umas regras, que te dissesse o que podes ou não fazer, ou até mesmo te obrigasse apenas a fazer a minha vontade. Mas assim o Meu amor por ti seria uma “prisão”, e não a liberdade com que te criei e para que te criei.

É verdade, Senhor, mas que queres? Eu sou assim fraco, frágil e preguiçoso, por isso penso que seria melhor se assim fosse.

E se fosse assim, perguntas Tu, farias tudo o que Eu te dissesse?

Pois, Senhor, provavelmente não, talvez me “revoltasse” e fizesse antes a minha vontade.

Vês, meu filho, afinal apenas tens que perceber uma coisa da minha vontade: Que ames como Eu te amo!






Garcia, 3 de Fevereiro de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)